Sala da Diretora

Saint. Mungus

Já se passavam das 15h, e infelizmente, só agora, Sarah Klaxfor começava a saborear seu almoço. Culpa de uma pilha infernal de contratos com fornecedores do Hospital, que exigiam certo tempo e cautela para serem lidos com cuidado. Até mesmo, mais tempo do que Sarah imaginou que precisaria.

Assim, seu almoço seria ali mesmo, na requintada sala da Diretoria. O cansaço e as preocupações a impediam de ir a um restaurante.

Deu a primeira garfada, mas mal podia comer, nem ao menos estava com fome. Não conseguia parar de pensar nos filhos, e o perigo mortal que os cercava, em sua hostil estadia em Hogwarts. Por várias vezes já cogitara a hipótese de mandá-los para Beauxbatons. Mas, as crianças não aceitariam, e considerando as condições em que a França andava. Não era uma hipótese discutível, muito menos viável.

Mais uma garfada, e nada. Definitivamente ela não conseguiria comer. Empurrou o prato. Suspirou, em seguida pegando uma cópia do Profeta Diário. Era um hábito antigo de Sarah ler, quando estava impaciente.
Nada anormal nenhuma novidade. As mesmas matérias sensacionalistas, que a Editora continuava a publicar, porque vendia muito para donas de casa que não tem o que fazer, ou alunas, que queriam qualquer coisa para comentar sobre, ao invés de ir estudar. Certamente o fato de "fulana" ter traído, ou em um termo mais pejorativo, "o fato de fulana ter chifrado sicrano", é bem mais importante do que se discutir sobre as propriedades das mandrágoras, ou coisa parecida.

Uma matéria lhe chamou a atenção, algo relativo a um medibruxo do alto escalão do Hospital, e uma aluna de Hogwarts. Sarah começou a ler. Pedofilia? "Imperdoável!" - pensou.  Ela nem ao menos se importava sobre a vida pessoal de seus funcionários, mas não admitia que o nome do Hospital fosse mencionado em escândalos. Não importava qual fosse.
Respirou fundo, e apareceu a porta da sua sala, falando com a secretária. Ela não tinha tempo de esperar que a mesma surgisse em sua mesa. - Mande chamar o Devonshire, diga que quero falar com ele, urgentemente. Que Devonshire? Claro que é o Alberto! E aproveite para tirar este prato da minha mesa. - Falou em um tom mais agressivo que o habitual - E geralmente a Sra. Klaxfor nunca era agressiva -. A secretária saltou da mesa, enquanto Sarah ia em direção a sua confortável poltrona na sala.

Créditos Zafrina - TPO

Saint. Mungus

Após "gritar" com a secretária, Sarah novamente pegou o Jornal, relendo a matéria, várias vezes, e insistentemente. Virou a poltrona para a janela do recinto. Olhando a paisagem, e se tratando de um Hospital, não era nada amigável. Pessoas entravam às pressas em macas, ou até mesmo carregadas por outras. De vítimas de estrunchamento, até duelos contra comensais. De alguma forma, agora ela já parecia mais calma.

Do nada, alguém entrou na sala, trazendo consigo uma leve onda de fedor. "Pelo visto, alguém não tomara banho antes de vir parar o trabalho." - Pensou. Sarah se virou, para vislumbrar a figura de um Alberto Devonshire, quase tão exaltado quanto ela a pouco estava. Ela apenas jogou o Jornal na mesa, a página que continha a matéria sobre o medibruxo aberta. O que claramente foi uma atitude desnecessária, mas talvez, servisse para dar algum efeito mais dramático - se isso fosse possível a situação -.

- Explique-se! - Ela ordenou. O Devonshire se exaltou ainda mais, dando desculpas ridículas e falando em um tom grosseiro para com a Diretora do Hospital.

- Alberto - Falou, Sarah tentando dar um tom de apaziguamento a situação. - - Não me importa o que deixa de fazer com sua vida pessoal. Não compete a mim, e nem ao menos é importante o suficiente para me interessar - A última frase teve certo tom de ironia, na voz.
- Mas eu não quero o hospital metido em escândalos desse porte, e se isto é uma calúnia, algum motivo você deve ter dado. Ninguém cria um boato de tal gravidade do vento - Alberto franziu a testa e Sarah continuo.

- Você tem até 48 horas para resolver esta situação. Caso contrário... - A Sra. Klaxfor não completou a frase, já parecia clara o suficiente, para que o Devonshire entendesse perfeitamente o recado.

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Saint. Mungus

Sarah respirou fundo, concentrou-se, tentando acalmar os ânimos. – Sendo assim... – Falou com um suspiro cansado.
Olhou pela janela, os olhos tristes. Deparou com a figura de uma mulher, carrega nos braços um garoto pequeno, não deveria ter mais que uns cinco ou seis anos. Uma lágrima escorreu pelo roso. Lembrara-se dos filhos, mais uma vez.
Enxugou discretamente a lágrima dos olhos, de modo que o Devonshire e o Smitth não pudessem ver, virando-se para vislumbrar suas figuras confusas.
– Liberados, resolvam isso o mais rápido possível, já temos escândalos demais para um só hospital – Ordenou, num tom sereno, a lembrança das crianças fugindo, um pouco, da mente atordoada da mulher. Os homens se entreolharam, um deles deu de ombros, e saíram, a passos largos, para suas respectivas salas, trancando grosseiramente a porta atrás de si.
Sarah encostou a cabeça na cadeira, respirou fundo. De repente, a secretária surgiu, anunciando mais uma pilha de papéis miseráveis. A medibruxa os recebeu com desprezo, agradeceu, deixando a mulher sair. – Maldita labuta. – resmungou.

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